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Por isso esse blog possui esse nome... Jigoku No Sora,
o Teto do Inferno

"Esse eu insensato, que tem tão pouca chance de salvação, é totalmente incapaz de resistir a desejos intensos e comprometimentos, a essa sucessão de dias e noites, inegavelmente reais, passada sob o constante tormento das ilusões monstruosas; isso é o inferno." - Hiroyuki Itsuki

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17 de abril de 2008

A Melhor Escola Para Nossos Filhos

Foi com uma mistura de humor com indignação que li várias reportagens na mídia sobre o ranking nacional das escolas particulares baseados na prova do ENEM.

Lendo tais reportagens comecei a ver na minha mente pais e mães se gabando de terem seus filhos nas escolas, ditas, "top 10" do país e avós espalhando pela vizinhança que seu netinho é aluno do Vértice (primeiro da lista, ou seja, "The Top") "desde pequininho" e é "um dos melhores da classe".

Foi quando busquei a escola das minhas filhas, "Escola Viva", na lista e não encontrei. Então lembrei que o ENEM se baseia na prova do ensino médio e a Escola Viva ainda não possui ensino médio. Confesso que no começo senti certo desânimo em não vê-la lá, afinal, é a escola que "minhas filhas" estudam e por consequência a "melhor do Brasil". Vocês já viram o quanto se discute sobre escolas em conversas de amigos que possuem filhos nessa idade? É uma Ode Ao Ego: "minha filha estuda no Porto...", "ahhh mas no Santa ela tem informática desde o maternal", "eu pus meu filho no Waldorf pois a filosofia de lá me encanta", "ahhh, mas você tem que ver o programa de esportes do Gracinha...", ou ainda "minha filha participou de uma competição de matemática pelo Objetivo que teve tantos campeões". É hilário se não fosse catastrófico e fico pensando que o ego humano age até mesmo sobre as pessoas inocentes de nossos filhos, os quais são usados como instrumentos de nossos venenos mentais.

Depois que voltei a realidade, comecei a pensar o que uma escola deve representar na vida de um filho e o quanto vale estudar em uma escola "top 10" para que se seja "alguém na vida". Me lembrei de um texto da psicóloga Rosely Sayão que discorria sobre "a terceirização da educação dos filhos, promovida pelos pais em relação à escola", ou seja, hoje em dia, pela pura falta de tempo ou vontade, os pais esperam que as escolas eduquem seus filhos em todos os aspectos, sonegando a estes seus próprios valores e visões sobre a vida. Também lembrei de outro texto dela, que fala sobre "bullying", assunto que é muitas vezes ignorado pelos pais e por educadores e trata do assédio psicológico sofrido pelas crianças na escola por parte dos próprios colegas e por incrível que pareça isso acontece nos melhores colégios do mundo, inclusive nas "top 10". Então me lembrei de um churrasco na casa de uns amigos, no qual uma arquiteta presente anuncia: "Quando recruto alguém, a primeira coisa que vejo é a faculdade que estudou, se for UNIP, Anembi Morumbi, UNISA ou UNINOVE eu jogo o curriculum no lixo, já nem leio o resto".... dei algumas risadas porque do outro lado da mesa estavam eu e minha esposa, ambos ex-alunos da UNIP, mas tudo bem, deixa para lá....

Voltando à realidade me dei conta que é melhor que a escola de minhas filhas não figure nem entre as "Top 500", porque minhas filhas não estão lá para serem gênias ou especilistas em "binômio de Newton" ou para tirarem 9,5, 10 em todas as provas. Não é isso que espero de uma escola. O que espero é que minhas filhas sejam GENTE, gente de verdade, sinceras, honestas e acima de tudo, compassivas. Sei que grande parte disso depende de nós pais, mas é muito bom quando a escola segue a mesma linha. Sempre escuto que "o mundo é competitivo demais, temos que preparar nossos filhos!!!" e ouvi muito isso de meus pais. No fim, cresci com medo de arriscar, de só apostar no certo e vejo muitos conhecidos com menos posses do que eu, mas com uma vida tranquila, fazendo o que gostam e sendo GENTE.

Por outro lado, vejo pessoas que esturaram no ITA com mais de 50 anos, com empregos de jovens de 26-27 anos, subalternos de gente que estudou na UNIP, na UNISA, na UNINOVE, na Anhembi Morumbi, pois afinal o que interessa é a atitude das pessoas e que estas estejam preparadas para a vida e não para uma profissão e a vitória é uma conseqüência e não um objetivo.

Enquanto vencer for um objetivo, quem trilhará esse caminho é o ego e muitas vezes o ego dos pais e não dos filhos.... quando a vitória for vista como uma conseqüência, nossos filhos viverão uma vida plena. Nós pais temos o dever de incutir em nossos filhos nossos valores, pois isso escola nenhuma o fará.

Por fim, me lembrei que meu irmão estudou no Vértice, foi convidado a se retirar do colégio, por contestar as convicções do diretor. Vê-se bem que a escola "Top 1" deve ser campeã em "binômio de Newton", mas pelo jeito foi reprovada no quesito democracia.

Namo Amida Butsu

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