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Por isso esse blog possui esse nome... Jigoku No Sora,
o Teto do Inferno

"Esse eu insensato, que tem tão pouca chance de salvação, é totalmente incapaz de resistir a desejos intensos e comprometimentos, a essa sucessão de dias e noites, inegavelmente reais, passada sob o constante tormento das ilusões monstruosas; isso é o inferno." - Hiroyuki Itsuki

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30 de novembro de 2009

Mensagens

Mea culpa... fazem quase 6 meses que não posto nada aqui e as razões são muitas. É claro que nenhuma é uma desculpa aceitável, pois passei muitas horas procrastinadas em frente ao computador e que poderia postar algo para meus leitores. Mas acho que tem a ver com minha vida recente e os meus 40 anos que se aproximam no próximo ano.

Em junho último fiz uma cirurgia metabólica, na qual reduzi meu estômago e fiz um bypass no intestino. Estava pesando 140kg, pré-diabético, com esteatose hepática e um pequeno problema cardíaco. Quase 6 meses depois já se foram 35 kg, minha diabetes desapareceu e meus exames nunca estiveram tão bons. Deveria ter feito antes, mas acho que minha cabeça misturado com concepções errôneas não me permitiram.

Toda vez que pensava em fazer a cirurgia alguns pontos me vinham a mente, tais como vaidade, egocentrismo e uma sensação avassaladora de incompetência. Sim, incompetência... afinal eu poderia fazer um mega regime, correr, fazer musculação e tudo ficaria bem, eu só precisava de força de vontade. Só que lá no fundo eu sabia que não tinha essa força e isso me deixava decepcionado. Ora, tanta gente consegue...

E ainda tinha a parte da vaidade. Será que devemos nos submeter a uma cirurgia somente por vaidade? Mas e se, se ela, nosso corpo padecer? Não estaríamos jogando a valiosa oportunidade de sermos seres humanos pelo ralo?

Tudo isso bagunçou minha cabeça. Acho que nunca os ensinamentos budistas, ou melhor, minha compreensão sobre eles, me atrapalharam tanto na vida. De um lado, queria ser um "bom budista" e por outro lado, morria de vontade de vestir uma calça 46 (vestia 62) e comprar uma camisa social numero 5, além de ter disposição para voltar para o jiu-jitsu e para curtir melhor a vida.

Bom, tomei uma decisão radical para depois compreender o que e como havia feito. Mandei minha concepção budista para o inferno e me operei. Pastei na mão de vários maras, tive infecção hospitalar, depressão profunda e houveram dias que me arrependi totalmente do que havia feito.

Mas hoje, estou bem e feliz por ter feito, embora não goste de lembrar meus 10 dias forçados de hospital. Também compreendo melhor que minha atitude foi a melhor a ser tomada. Não sou infalível, não sou perfeito, se fosse não comeria tanto e faria mais exercícios. Se fosse, teria a tal "força de vontade", mas não me envergonho mais disso. Eu estava com pensamentos muito radicais, pensamentos não de um budista, mas de um aspirante a Buda, coisa que ainda nem posso me dar ao luxo.

Sendo assim, sou um ser humano normal. Disposto a ser salvo pela Compaixão de Buda e sabendo que com 140 ou 100 kg tenho as mesmas chances que qualquer outro.

Se vou viver mais, melhor e disposto a continuar minha senda pelo Samsara, está valendo. Não podemos radicalizar nem tentar ser o que não somos. Temos que entender as mensagens que o mundo nos envia e não temos que ficar supondo que há um texto oculto nelas, um código que temos que buscar a chave dentro de nós. A prerrogativa de quem manda a mensagem é que ela seja clara, se está confusa, não nos culpem.

Namo Amida Butsu

6 de julho de 2009

Aprendizado sem objetivo, vale?

Lendo o recém lançado livro de Gyomay Kubose, O Centro Dentro De Nós, pelas Edições Nalanda é um oásis de sabedoria simples e direta como os ensinamentos Terra Pura o são. Linguagem muito simples, muito direta, como dita por um amigo, por um bom companheiro, por um aliado de caminho.

Em um dos textos, sensei Kubose diz que conhecimento sem objetivo é uma tremenda perda de tempo; conhecimento sem prática não serve para nada. Adicionaria que conhecimento sem prática só serve para encher a prateleira de livros e citando sensei Gustavo Pinto, "quem mais devora livros são as traças".

Vejo e me incluo na imensa guilda budista ocidental que busca "conhecimento", "mestres realizados", "provas irrefutáveis da Verdade", ou ainda que citam escrituras como tabuada tomada por nossos pais e professores.

Ora, ora... pratiquemos, coloquemos em marcha o pouquinho que aprendemos, porque o conhecimento de Buda é muito maior que nossa compreensão limitada. Aprendamos um pouco e este pouco seja internalizado e posto em prática para que não acumule poeira na estante.

"O Budismo é a vida de todos os dias."

Namo Amida Butsu!

4 de maio de 2009

Gripe Suína e Susan Boyle

Parecem coisas totalmente distintas mas os assuntos foram levantados na última reunião de nosso grupo de estudos. Estávamos falando que a gripe suína, embora negativa, é uma grande demonstração de interdependência dos seres, pois um vírus mutante atinge em questão de horas pessoas no México e depois na Austrália. De um modo bizarro estamos lidando com essa interdependência de uma forma atroz, ainda que não sabemos direito com o que estamos lidando e o quanto grave essa pandemia pode ser. Me lembro do ebóla e da gripe aviária. O que aconteceu com essas doenças? Sumiram? Não íam dizimar a espécie humana? Sei lá...

Mas, e Susan Boyle, como entra nessa história?

Bem, a Nancy sugeriu que o fenômeno Susan Boyle seria uma maneira positiva de se demonstrar essa interdependência, pois uma pessoa humilde, simples, sem qualquer dote físico que a sociedade do mundo classificaria como aceitável, sem qualquer idéia do que a moda corrente dita e com uma voz de abalar os alicerces de qualquer show da Broadway, tem levado alegria para pessoas comuns, também sem tais dotes, fazendo com que elas se sintam valorizadas e menos ridicularizadas. Seus algozes agora tem que lidar com essa mulher escocesa com voz de trovão se colocando de paladina dos menos dotados de beleza mas que escondem grandes talentos.

Susan Boyle é simples e determinada, entrou em um programa de maneira descontraída, quase certa de sua desclassificação iminente e talvez por isso é que tenha sido tão arrebatadora. É como um duelo de samurais no qual um sabe que vai perder e demonstra a tranquilidade dos sábios, sendo que seu oponente, vasculhando o ser adversário tenta encontrar um fio de medo, de hesitação e não encontrando, joga sua espada ao chão, rendendo-se. O público e os jurados tiveram que jogar suas espadas ao chão e fazerem uma profunda reverência à Susan depois de interpretar sua música extraída da peça Le Miserables.

A interdependência não falha, não tarda e está explícita em tudo que fazemos. Já dizia Buda e Einstein!

Namo Amida Butsu

31 de março de 2009

Tolerância versus Conivência

Amigos... peço licença para publicar um email de uma amiga queridíssima e aluna para poder respondê-lo aqui pois como ela mesmo sugere, seria algo interessante para todos os leitores.

"Estou escrevendo pois aconteceram algumas coisas nos últimos dias que achei que valia uma reflexão e uma conversa com você. Até para o grupo e se achar cabível para o blog. Vou preservar o nome das pessoas e das empresas para não ter mais problemas. Porém como sabe, trabalho com mkt esportivo há muito tempo e quando me mudei para o Rio, comecei a complementar a renda da minha pequena empresa com um 2º trabalho em que o dono era parte de um networking construído nos anos passados. Como sempre na minha vida, tudo girou em torno do esporte, uma das empresas parceiras da MINHA pequena empresa, também era parceira dessa agência que trabalhei no Rio e saí depois desse acontecido.

Esse parceiro se encontrou com meu chefe num evento da Volvo Ocean Race aqui no Rio e falou que minhas empresa era desorganizada para ele. Meu chefe fez esse comentário na frente de todos no escritório com um tom meio de deboche e eu e meu sócio fomos tirar satisfação com a dita pessoa, pois já havíamos tido diversos desentendimentos com ela e apesar das tentativas de conversa, ela sempre nos tratou com desdém. Apenas engolia a parceria pois tinha entrado no lugar de uma outra funcionária muito mais profissional e era "obrigada" a continuar a parceria.

Depois do e-mail enviado, ela ao invés de me ligar e tirar satisfação cara a cara como havia solicitado no e-mail, entrou em contato com o meu chefe da agência, o qual tem interesses comerciais com essa parceira, e falou para ele dar um jeito em mim, pois ela estava sendo afetada demais com o acontecido, já que ter a imagem de fofoqueira e de incompetente não é nada bom. Me senti chantageada quando ele me pediu (esse foi um jeito bonito de falar) para colocar panos quente na situação pois a parceria dele era muito mais importante do que eu ou a minha pequena empresa, que ele não poderia misturar as coisas. Respondi que ele foi o primeiro a misturar e que não concordava mas que por conta de TENTAR ter um bom relacionamento com todos, enviaria o e-mail. Ao fazer isso, a funcionária que fez o dito comentário e nunca teve a coragem de falar comigo cara a cara respondeu falando que a justiça estava sendo feita e que ela sabia da conversa que houve na agência e se colocou totalmente por cima da situação.

Depois de todos esses acontecimentos resolvi pedir demissão falando que os meus princípios não batiam com os dele que não digeri direito essa história. A pergunta que pairou na minha cabeça foi:

Até que ponto devemos engolir sapos na vida profissional e até onde devemos deixar com que as pessoas nos afetem?
Com a decisão do meu último e-mail tentando neutralizar a situação, acreditei que todos ficariam bem, mas aparentemente as pessoas tem sempre que estar por cima de você. Vale a pena manter relacionamento com esse tipo de gente?
Cabe a quem julgar essas atitudes?
No Budismo, como isso se aplica e como devemos pensar?
Até que ponto colocamos nossos princípios e verdades abaixo do dinheiro?


Me lembro no dia que reli o livro que tenho do Gandhi várias vezes e resolvi seguir a filosofia dele de apego a verdade e impus o que acreditava ser verdade. Assim como tenho tentando não me sentir ofendida com essas coisas para conseguir ter uma paz interior maior.
Desculpe tomar seu tempo, mas achei que poderia se tornar um exemplo cotidiano e justo de uma discussão.


Beijos e saudades!!!"

Ai ai ai..... vamos lá....

Minha querida amiga, se você trabalhasse onde eu trabalho você não teria problema com essas questões, não pelo menos com a primeira (a dos sapos). Não vou aqui dar a minha opinião sobre o assunto (isso faço em pvt para você), mas vamos ver, como você me pede, os aspectos budistas da situação.

Olha se teve um engolidor de sapos na história foi Buda e vou começar nossa conversa com uma pequena passagem: "Buda e seus monges chegaram a uma cidade e sentaram-se para meditar. Sabendo de sua chegada um homem rude foi ao seu encontro brandando impromprérios e insultos. O homem assim o fez por vários minutos, tendo a sua frente o Buda impassível. Até que o Tataghata abre os olhos, fita o homem e pergunta: "Quando você leva um presente para alguém e essa pessoa não o aceita. De quem é o presente?". O homem sem entender o porquê da indagação responde: "Ora, é meu!". Então Buda, serenamente, diz: "Pois eu não aceito suas ofensas, leve-as daqui!". E voltou à sua meditação."

Os ensinamentos do Budismo irão nos dizer que os insultos a nós proferidos são unicamente das pessoas que o fazem, principalmente quando essas pessoas não são conhecidas ou não tem consciência de seus atos por alguma sociopatia em qualquer grau.

Mas vamos às suas questões: 1) Devemos engolir sapos? Não, não devemos, mas também devolver o sapo com o mesmo peso de nada vai adiantar. Temos vários aspectos para nos atermos aqui. Você precisa do emprego? Se precisa, você tem que engolir os sapos, afinal você necessita daquela situação. Você vai infringir sofrimento à alguém se devolver o sapo? Se for, é melhor guardá-lo. Porém, as pessoas somente nos afetam porque as deixamos afetar, porque damos razão ou mesmo oportunidade a aquele que nos ofende para que isso ocorra. O que nos afeta está dentro de nós e não fora. Nosso ego nos afeta, nos fere, não palavras proferidas. Por isso devemos engolir sapos mas devemos tirar as glândulas venenosas, pois tais sapos não podem e não devem nos afetar.

2) Bom, no caso de se devemos nos relacionar com pessoas desse tipo é difícil dizer sim ou não. Se pensarmos pelos ensinamentos budistas, não importa o tipo de pessoa que nos rodeia, todas são alvos de nossa compaixão. Sobre o email que você enviou, como você iria prever o que aconteceria? Você fez o que achou certo, a reação é imprevisível. Mas também ninguém é obrigado a viver ou conviver com quem não quer, contudo no mundo profissional, muitas vezes é preciso. Te digo como testemunha ocular.

3) Quanto a "quem" irá julgar essa atitude, digo que não será "quem" e sim "o que". E esse "o que" chama-se KARMA. Contra esse não tem remédio, não tem escapatória, não tem fuga, ou seja, o karma dessa pessoa e o seu irão se encarregar de produzir as reações cabíveis e mais cedo ou mais tarde, irão acontecer, irão aflorar. Atitudes negativas irão gerar reações negativas. Não se preocupe, nada detém o karma...

4) Não é uma questão de colocar o dinheiro abaixo de nada, mas minha amiga, você sempre deve analisar a sua situação e colocar as coisas na balança. Eu já pensei em mandar alguns colegas e gerentes para uma terra bem distante, mas preciso do meu emprego. Então nos resta ver que somos nós que temos que mudar a maneira que julgamos ou que observamos o mundo a nossa volta.

Esse jogo de poder egóico do tipo, eu estou por cima, agora você está por baixo não é uma coisa comum, natural, logo nossa reação também não irá ser. Não é o caso de como reagir, mas o caso de ser capaz de analisar a situação e compreendê-la. Sair ou não do trabalho irá trazer diferentes consequências para você, seu chefe e outros envolvidos. Se foi a atitude correta, só você pode dizer.

Desculpe lhe dizer isso, mas o seu orgulho e espírito de combate (que eu sei que você tem e como eu) também vão lhe gerar consequências que creio não serão tão auspiciosas. Você sob o ponto de vista egóico não foi muito diferente da "fofoqueira" ou do "engraçadinho", você se viu no meio de uma guerra de egos e só adicionou mais um. Talvez essa seja uma situação que não tivesse saída positiva se olharmos pelas diversas faces. Talvez o desfecho que você deu tenha sido o natural, mas dificilmente, agora neste minuto, avaliar se foi bom ou ruim. Aliás, bom ou ruim para quem?

Me desculpe mais uma vez por não ser a pessoa que irá aplaudir sua atitude, embora talvez teria feito a mesma coisa, mas quando parasse para pensar, iria ver que terminei sendo igual.

Dê uma lida nos textos UM BUDDHISTA PODE SE JUNTAR AO EXÉRCITO? e MATAR PARA SE DEFENDER

Aguardo seus comentários....

Namo Amida Butsu

26 de março de 2009


A parable told by the sage, Shan Tao (613-681), spiritual ancestor of the Pureland tradition.

And to all those who wish to be reborn in the Pure Land, I now tell a parable for the sake of those who would practice the True Way, as a protection for their faith and a defense against the danger of erring views. What is it? It is like a man who desires to travel a hundred thousand 'li' to the West. Suddenly in the midst of his route he sees two rivers. One is a river of fire stretching South. The other is a river of water stretching North. Each of the two rivers is a hundred steps across and unfathomably deep. They stretch without end to the North and South. Right between the fire and water, however, is a white path barely four or five inches wide. Spanning the East and West banks, it is one hundred steps long. The waves of water surge and splash against the path on one side while the flames of fire scorch it on the other. Ceaselessly, the fire and water come and go.

The man is out in the middle of a wasteland and none of his kind are to be seen. A horde of vicious ruffians and wild beasts see him there alone, and vie with one another in rushing to kill him. Fearing death he runs straightway to the West, and then sees these great rivers. Praying, he says to himself: “To the North and South I see no end to these rivers. Between them I see a white path, which is extremely narrow. Although the two banks are not far apart, how am I to traverse from one to the other? Doubtless today I shall surely die. If I seek to turn back, the horde of vicious ruffians and wild beasts will come at me. If I run to the North or South, evil beasts and poisonous vermin will race toward me. If I seek to make my way to the West, I fear that I may fall into these rivers.”

Thereupon he is seized with an inexpressible terror. He thinks to himself: “Turn back now and I die. Stay and I die. Go forward and I die. Since death must be faced in any case, I would rather follow this path before me and go ahead. With this path I can surely make it across.” Just as he thinks this, he hears someone from the east bank call out and encourage him: “Friend, just follow this path resolutely and there will be no danger of death. To stay here is to die.” And on the west bank. there is someone calling out, “Come straight ahead, single-mindedly and with fixed purpose. I can protect you. Never fear falling into the fire or water!”

At the urging of the one and the calling of the other, the man straightens himself up in body and mind and resolves without any lingering doubts or hesitations. Hardly has he gone a step or two when from the east bank the horde of vicious ruffians calls out to him: “Friend, come back! That way is perilous and you will never get across. Without a doubt you are bound to die. None of us means to harm you.” Though he hears them calling, the man still does not look back but single-mindedly and straightway proceeds on the path. In no time he is at the west bank, far from all troubles forever. He is greeted by his good friend and there is no end of joy.

That is the parable and this is the meaning of it: what we speak of as the “east bank” is comparable to this world, a house in flames. What we speak of as the “west bank” is symbolic of the precious land of highest bliss. The ruffians, wild beasts, and seeming friends are comparable to the Six Sense Organs, Six Consciousnesses, Six Dusts, Five Components, and Four Elements [that constitute the “self””].

The lonely wasteland is the following of bad companions and not meeting with those who are truly good and wise. The two rivers of fire and water are comparable to human greed and affection, like water, and anger and hatred, like fire. The white path in the center, four or five inches wide, is comparable to the pure aspiration for rebirth in the Pure Land which arises in the midst of the passions of greed and anger. Greed and anger are powerful, and thus are likened to fire and water; the good mind is infinitesimal, and thus is likened to a white path [of a few inches in width].

The waves inundating the path are comparable to the constant arising of clinging thoughts in the mind which stain and pollute the good mind. And the flames which scorch the path are comparable to thoughts of anger and hatred which burn up the treasures of dharma and virtue.
The man proceeding on the path toward the West is comparable to one who directs all of his actions and practices toward the West[ern Paradise]. The hearing of voices from the East bank encouraging and exhorting him to pursue the path straight to the West, is like Shakyamuni Buddha, who has already disappeared from the sight of men but whose teachings may still be pursued and are therefore likened to “voices.” The calling out of the ruffians after he has taken a few steps is comparable to those of different teachings and practices and of evil views who wantonly spread their ideas to lead people astray and create disturbances, thus falling themselves into sin and losing their way.

To speak of someone calling from the West bank is comparable to the vow of Amitabha. Reaching the West bank, being greeted by the good friend and rejoicing there, is comparable to all those beings sunk long in the sea of birth and death, floundering and caught in their own delusions, without any means of deliverance, who accept Shakyamuni's testament directing them to the West and Amitabha's compassionate call, and obeying trustfully the will of the two Buddhas while paying no heed to the rivers of fire and water, with devout concentration mount the road of Amitabha's promised power and when life is o'er attain the other Land, where they meet the Buddha and know unending bliss.

[From Taisho daizokyo, XXXVII, 272-3]from William Theodore de Bary, The Buddhist Tradition in India, China and Japan, Vintage, Random House, NY: 1972. ISBN: 0-394-71696-5, pp. 204-207]

Nota: em fase de tradução

20 de março de 2009

Dia Mundial Sem Carne

Não sou vegetariano, mas hoje dia 20/03/2009 é o Dia Mundial Sem Carne. A ingestão de carne não fica mais só no plano filosófico ou religioso, já existem estudos que mostram que a produção de carne é muito mais nociva ao meio-ambiente do que as plantações, orgânicas ou não, mesmo quando falamos de carnes brancas.

Vale a pena pensar no assunto...

Namo Amida Butsu

Jigoku Wa Ichijo

O Inferno é Aqui! Definitivamente....

Ontem reiniciamos as atividades de nosso grupo de estudos aqui em São Paulo, no velho estilo do Terra Pura: grupos de estudos domiciliares, nos reunindo na casa de um em um dia, ora na casa de outro.  Isso nos remonta à época pós-Shinran quando essa prática era corriqueira nas aldeias japonesas e terminaram por sediar os templos que lá se encontram.  A criação desses templos se deu justamente porque o número de pessoas que iam às casas aumentava com o passar do tempo e um local maior se fazia necessário, então se construiam casas dedicadas à audição do Dharma que mais tarde se tornaram os templos.

Durante nossa conversa de ontem estávamos estudando o livro Tariki do cineasta japonês Hiroyuki Itsuki, quando me deparei com uma passagem:

"No Japão, as pessoas costumam se referir ao paraíso da Terra Pura levando à crença de que o paraíso e a Terra Pura são a mesma coisa, mas não creio que esse seja o caso.

A Terra Pura não é um paraíso. Ou, antes, paraíso e inferno - o seu oposto - referem-se a este mundo em que passamos nossas vidas cotidianas. Em Tannisho (Tratado das Lamentações das Divergências), Shiran proferiu  a famosa frase O inferno é inevitável (jigoku wa ichijo).  Muitos vêem nessas palavras a afirmação de que, quando morremos, estamos todos, sem excessão, destinados ao inferno, mas prefiro não interpretá-la assim. 

Interpreto inevitável, ou ichijo, como agora, a realidade que está inevitavelmente aqui, diante de nós.  Não tenho medo de ir para o inferno após a morte, porque já estive lá.  Um eu impulsionado por desejos, um eu que causa danos ao planeta e às outras pessoas, que diz sempre mentiras e está profundamente atado a todos os tipos de interesses temerários, é algo que todos nós temos em comum.

Esse eu insensato, que tem tão pouca chance de salvação, é totalmente incapaz de resistir a desejos intensos e comprometimentos, a essa sucessão de dias e noites, inegavelmente reais, passada sob o constante tormento das ilusões monstruosas; isso é o inferno.

Com nossas ansiedades quanto à morte e doença, com nossos eus discriminadores, com a dor de sermos discriminados, com nossa raiva e cobiça violentas, somos todos residentes do inferno.

Mas, segundo Shinran, a religião é um raio de luz que ilumina o inferno.  A fé religiosa existe para socorrer o espírito sofredor.  É por isso que todos os que vivem no inferno terminam voltando à Terra Pura.  Em nossas vidas cotidianas, há momentos em que conseguimos acreditar nisso.  Isso é o paraíso.  Mas o paraíso quase nunca dura muito tempo.  Em um instante, a alegria do paraíso passa e os picos recortados do inferno voltam a assomar à nossa frente. 

A vida é um constante ir e vir entre esses dois estados, inferno e paraíso.

Nascer na Terra Pura significa aceitar a grande história da vida.  Não importa que tipo de vida você tenha levado.  Após a morte todos nós voltamos, como gotas d'água, ao grande rio e, finalmente, subimos aos céus."  

Gostaria que vocês relessem com calma, palavra por palavra a seguinte frase que é de uma realidade contundente e tem o poder de um mata-leão:

Um eu impulsionado por desejos, um eu que causa danos ao planeta e às outras pessoas, que diz sempre mentiras e está profundamente atado a todos os tipos de interesses temerários, é algo que todos nós temos em comum.

Alguém tem alguma dúvida disso? Alguém conseguiria contestar Itsuki nessa colocação? A priori sinto o calor dessas palavras atingirem meu estômago como um chute de um lutador de vale-tudo, só para depois abaixar a cabeça e pensar: isso é a mais pura verdade... Contudo não sinto pena de ser assim e de ver que todos ao meu redor são assim, isso seria desesperador se não confiasse no Outro Poder, no Tariki.  Se não, olhasse para meu redor e pensasse: está tudo certo, está tudo certo.  Não é sempre assim, pois como disse Itsuki, o inferno é constante e essa sensação é o paraíso.  Mas mesmo quando vivenciamos o paraíso, por pouco tempo que seja, por segundos, sentimos a mão de Buda Amida sob nossa cabeça, sentimos aquela sensação de êxtase momentâneo, a sensação de colocar um pé na Terra Pura, a sensação do Shinjin, da Mente Confiante, da Mente Búdica, a sensação de que tudo que aprendemos desde Buda Shakyamuni é realmente verdade e está disponível para todos, sem distinção.

É a sensação da rendição incondicional à nossa total insignificância, à nossa interdepêndencia, ao nosso karma.  É a sensação que nos leva a levantar o braços e dizer eu me rendo, me rendo, porque está tudo bem. É a sensação de olhar em volta e dizer: Namo Amida Butsu, Namo Amida Butsu, Namo Amida Butsu.


6 de março de 2009

Uma menina de 9 anos

Acho que todos já sabem do ocorrido e não preciso me deter nos detalhes do assunto. Meu ponto aqui é como ver o caso pelos olhos do Budismo, como também, contrariando meus princípios, compará-los com a posição do Catolicismo.

O que aconteceu neste caso é uma tremenda e infeliz manifestação karmica de todos os lados, não há lado positivo ou negativo, neste caso.  O que há é uma amostra direta do que o ser humano pode fazer e como ele "vive" ou convive com os Seis Reinos de Existência durante sua vida.

O aborto da meninas ao meu ver tinha que realmente ser feito, não só pelas complicações físicas, mas como também psicológicas (mais ainda!).  

Do ponto de vista budista, na falta de referência específica sobre o assunto nos Sutras, temos que analisar do ponto de vista do menor sofrimento para todos.  As consequências karmicas são inúmeras para todos os envolvidos, padrasto, mãe, médicos, vizinhos, o arcebispo e não havia como evitá-las.  Mas sem dúvida o aborto foi a melhor opção, ou seja, a melhor diante da quantidade de sofrimento a mais que a situação levaria se a gravidez continuasse.

Tenho compaixão pelo padrasto pois o futuro dele é bem negro e sua próxima vida, provavelmente em um dos infernos, não vai ser nada, nada tranquila mesmo.

O que muitos não conseguem enxergar (e aí adiciono todos os hipócritas de plantão) é que não foram ceifadas somente as vidas dos fetos abortados, mas as vidas da menina, da irmã (estuprada tantas vezes quanto ela), da mãe (que não teve atitude firme), dos parentes que sabiam e nada fizeram... essas vidas já eram.... não 2 que não nasceram, mas outras 6 ou 7 ou mais que já tinham nascido e que praticamente morreram para o mundo.

Esse sociopata assassinou moralmente a vida de uma família inteira e dos amigos dessa e parece que ninguém vê isso...

Meu recado para os médicos é: Não se preocupem com a excomunhão, foi um favor que a Igreja Católica fez para vocês, pois acredito que a inteligência de vocês pedem uma fé menos ignorante e mais desenvolvida. Pois nem vocês, nem a mãe dessa criança merecem fazer parte de uma religião que exalta um criminoso e pune as vítimas.

Quanto ao dito Arcebispo, só tenho que sentir compaixão pela sua sabedoria limítrofe.  Mas não posso deixar de me furtar a fazer o seguinte comentário: É assim que a Igreja Católica pretende "reter" fiéis? Acho que alguém está errando na estratégia.

Namo Amida Butsu

11 de fevereiro de 2009

Pare de reclamar da sua vida, de uma vez por todas...

Amigos,

Reproduzo abaixo o email de uma amiga querida que foi do meu grupo de estudos na faculdade de marketing que terminei no ano passado, que está vivendo na pele a impermanência e a interdepencencia dos seres.... depois de ler o texto abaixo, por favor, pare de reclamar da sua vida... definitivamente... Pode parecer até um daqueles textos fake da internet, mas, este, eu garanto, é mais real do que o mouse que você está segurando agora:

"Meus caríssimos amigos,depois de sete longos meses de uma luta muito-muito dolorida, de assistir minha vida literalmente virando do avesso, e de viver vários momentos em que minha energia esteve realmente perto de se esvair de vez, feliz e finalmente tenho boas novas pra dividir com vcs. Os médicos da equipe do Dr Nelson Hamershlak, do hospital Albert Einstein, localizaram nos Estados Unidos células de sangue de cordão umbilical que se confirmaram como sendo suficientemente compatíveis com a medula do meu filho Lucca -- o que lhe possibilita então passar pelo transplante de medula óssea (TMO) e, Deus quererá!, se salvar da terrível doença genética e degenerativa pela qual foi diagnosticado em agosto do ano passado (adrenoleucodistrofia ou X-ALD).

Prometi que voltaria tão logo tivesse novidades pra compartilhar e aqui estou eu! Não sei se ainda se lembram quando, num momento de grande desespero (logo depois de saber que não havia, entre aparentados do Lucca, alguém que fosse 100% compatível com ele, e que passávamos então a depender de encontrar um doador não aparentado -- cuja chance de sucesso flutua na razão de pelo menos 1 em 100.000), perdi a vergonha e dividi com vocês minha dor e minha angústia. Tudo na expectativa única de que o maximo de pessoas se mobilizassem para doar medula, a fim de engordar o banco nacional de medula brasileiro e aumentar as chances de salvação da vida de mais de 1000 pacientes que hoje aguardam por esse procedimento, vítimas de doenças do sangue e genéticas -- entre eles, o Lucca. Meu email chegou às mãos de muita gente -- alguns enviados diretamente por mim e outros tantos milhares repassados prá frente.

Chegou enfim a um némero realmente incrível de pessoas, a muitas organizações privadas, públicas, sociais... muita gente do bem, graças a deus! Pessoas que realmente se engajaram numa luta ímpar! E pensar que uma grande maioria nunca sequer olhou nos olhinhos do meu filho ou o conhece de vista para se sentir tocado com a causa de salvar a vida dele. A verdade é que nunca, nunca mesmo!, terei como agradecer e retribuir cada gesto, cada palavra, cada uma das milhares de campanhas que foram feitas no país inteiro, algumas que mobilizaram inclusive grandes empresas, formando uma verdadeira corrente do bem.

Foi maravilhoso e enternecedor ouvir da equipe do Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) que no ano passado o programa alcançou um índice significativo de aumento no número de registros de candidatos a doadores. E ninguém conseguiria isso sozinho. Claro que não foi fruto apenas das campanhas feitas em prol do meu Lucca. Muitas iniciativas também foram realizadas para outros casos similares, como o do garoto Robertinho que sofre de leucemia e também precisa de um TMO. Mas, penso que, nesse momento, o que importa mesmo é saber que o exercício de solidariedade foi colocado em prática. E comemorar isso! Pessoas de bom coração se uniram não em prol de uma ou outra pessoa. Mas em prol de uma causa nobre, em prol de conscientizar a população para salvar vidas humanas! Isso nos faz acreditar no amor, no poder da união, na boa fé e boa intenção de muitos.

Muitos acompanharam bem de perto o caso em particular do meu filhote e pôde ver o quanto isso mexeu e ainda mexe muito comigo. Hoje consigo conviver bem melhor com o fato de esta ser uma doença que é transmitida de mãe para filho...... No início eu não lidei mesmo bem com isso.... Não conseguia me perdoar por ser responsável pelo sofrimento que meu filho viria a passar...... Mesmo sem eu nunca ter sabido que essa possibilidade existia.... Me ensinaram a ver, contudo, que isso é apenas parte de uma historia e que, se não posso mudar o passado, que eu me engaje então para tentar mudar o fim. E é o que venho fazendo! Tavez o peso tenha aumentado porque tudo isso aconteceu num momento muito delicado da minha vida pessoal.....

Quando peguei o resultado da ressonancia magnética que trouxe o diagnóstico de X-ALD para o Lucca, fazia apenas 2 dias que eu havia me separado.... E manejar essa situação não foi e ainda não é de todo fácil. Mas, sempre procurei me concentrar em um ponto único: eu não podia esmurecer. Prometi a mim mesma que eu faria de tudo -- todo o possível e o impossível se necessário fosse -- pra buscar uma alternativa e salvar a vida do meu filho. As demais questões teriam de se ajeitar com o tempo, da melhor forma. Mas não dava pra brincar com algo sério e correr o risco de perder o foco.

As coisas já não eram nada fáceis. Pedras e barreiras foram o que mais tive que ultrapassar nessa jornada que iniciei em 01/8/2008. E tudo se agravou muito quando, no final de novembro, infelizmente veio mais uma rasteira grande do destino: a terrível crise econômica assolando o mundo e a empresa em que eu trabalhava na época viu-se diante da necessidade de promover uma reorganização interna, o que alterou o projeto inicial e deixou ativas apenas duas diretorias, nenhuma delas a que estava sob meu comando... Esse foi um outro momento que posso elencar entre os mais difíceis.... separação traumática em andamento, uma doença gravíssima pra manejar na família e o desligamento do trabalho..... Como eu iria continuar dando o mínimo de condição a meus filhos???? Mas, justiça seja feita: a empresa mostrou na prática tudo que sempre pregou em termos de gestão de pessoas.

Ao Mário Grieco, presidente da moksha8, nunca terei como agradecer por todo o apoio, compreensão, pelo carinho e pelos gestos efetivos que me fizeram sair de lá com a certeza de que o Lucca não ficaria "na mão"! Sabem eu queria poder elencar o nome de cada um que me ligou ou me mandou emails, que sempre se preocupou de coração mesmo. Toda a equipe da moksha8, Roche, Telefonica, Natura, todas as empresas-membro do Grupo +Unidos US Embassy, escoteiros, maçons, seguidores das mais diversas religiões, nossa, é muita gente que vou morrer agradecendo.

Muitas pessoas do bem que estiveram perto e presentes. Que se mostraram amigos de verdade. Certamente eu pecaria se começasse a escrever nome por nome, porque faltaria espaço pra descrever todo mundo num corpo de email. Mas quero que saibam que, foi graças a vocês, que consegui chegar até aqui.....

Nem sei se esse é o local e momento mais adequado (talvez nem seja mesmo....) mas, nesse momento em que a data do TMO do Lucca se aproxima, não posso deixar de falar em algumas nomes. E agradecê-los humildemente curvada e com a mão direita sobre meu peito:

- Edu Almeida e Deia, vocês sabem que são mais que amigos: são meus anjos da guarda! Me devolveram a vida e a esperança várias vezes!! Principalmente nas horas mais mais mais delicadas e decisivas....

- Dr Fernando Kok, neurologista, considerado atualmente o maior especialista no país e um dos mais respeitados do mundo no tratamento da adrenoleucodistrofia: conhecer seu trabalho, ter conseguido chegar até seu consultório, mesmo que não tenha me dado boas notícias, fez toda a diferença. Me deu a segurança de que meu filho estava de fato em mãos certas; (Cris C e Cris F, muito obrigada por me ajudarem a conhecer Dr Fernando!)

- Dra Ana Maria Martins, neurologista, da Unifesp, que conta com uma equipe estupenda e lidera um projeto lindíssimo chamado CREIM/IGEIM: sua disposição em atender o Lucca prontamente e a possibilidade de iniciarmos o tratamento com o Óleo de Lorenzo marcou nossa vida; (Deia e Dra Anna M.Costa, vocês........ ah, sem palavras!)

- Dr Jacques Weberman, neurologista, que foi o médico que prescreveu a Ressonância Magnética que daria o diagnóstico de X-ALD para o Lucca.... E pensar que levei aquelas tomografias com confirmação de sinusite pra ele só mesmo por desencargo de consciência..... E que nenhum exame levava à mais remota suspeita de que algo tão horripilante poderia estar acontecendo com o Cucca.... Dr Jacques, nunca neguei que minha primeira reação foi de revolta mas, que bom que o sr não quis ir contra àquilo que chamou de intuição de mãe.... Obrigada por ter atendido o Lucca naquele final dia 22 de julho....

- Marafa, meu grande amigo Eduardo Marafanti, e sua doce Maleninha: vcs são minha inspiração e a prova viva de que Deus sabe o que faz e que ele está cuidando muito bem do meu pequeno Lucca. Obrigada pelo fôlego que me deram quando eu quase entreguei os pontos de vez;

- Dr Nelson Hamershlak, hematologista e grande especialista em TMO, do H.I.Albert Einstein, a quem tive o prazer de conhecer pelo trabalho profissional, ainda na época da Bristol, e jamais podia imaginar que sentaria em seu consultório para falar da vida do meu filho.... Sua capacidade profissional indubitável e o coração enorme de paizão que tem me mantém em pé e me fazem acordar a cada novo dia pra cuidar do Lucca e pensar positivo sempre!

- Meus pais, minhas irmãs e meus cunhados, qualquer coisa que eu disser aqui é pouco pra agradecer pelas pontas que vêm segurando de mim....

- Marccão e Lellinha, meus dois outros tesouros além do Cucca: meus filhotes, vocês são 10, são 100, são 1000!!!!! Amo vocês! Me ensinam algo novo a cada dia! São meu suspiro, minha vida!

- Marcelo Bezerra, meu ex-marido: nossa separação pode enfrentar trancos e barrancos mas tenho grande carinho por você. Mais do que isso, você é pai dos meus filhos, é parte fundamental pra que eu tenha 3 joinhas tão preciosas -- e, independente de nosso casamento terminar, vou ser eternamente grata a você por ter me presenteado com o Lucca, o Marcco e a Marcella!

-e ao Cucca. A você, filhote, quero agradecer muito muito muito!!!!! Agradecer por existir na minha vida, por me deixar ser tua mãe, por me mostrar dia após dia que viver vale a pena, por me fazer enxergar só coisas incríveis, por me calar fundo quando me dá um banho de maturidade do alto dos seus 8 preciosos anos...... Por me ensinar que o gosto do óleo é "ruinzinho mesmo, dificil de engolir, mas que se é pra melhorar minha cabeça, eu tomo sim! Isso é o de menos"..... por ter uma cabeça que não é desse mundo..... pelo teu alto astral de sempre, tua doçura, tua travessura..... por tua eterna força de vontade, e pela tua compreensão sobre coisas tão incompreensiveis.... Enfim, pelos selinhos que roubo de vc (rs.....), por me amar e deixar que eu "te ame grande assim, mais do que o universo"!

Ai caramba...................... ufa!.................

Bom, Dr Nelson está pronto pra fazer esse TMO em mais 2 ou 3 semanas. Só ainda não há a definição certinha da data em que o Lucca será internado (dependemos de pequenas questões burocráticas que estão relacionadas à liberação administrativa por parte da moksha8 e da Omint, para que o banco de cordão dos Estadis Unidos envie as células para o Brasil).

Como falo sempre, é tudo uma questão de luta contra o tempo. Principalmente porque o Lucca não iniciou ainda nenhum processo degenerativo e a chance de ele voltar a ter uma vida normal, sem essa maldita doença, aumenta muito. Mas as células precisam chegar logo! Não há tempo a perder. Lembro de ter falado prá vcs que, Oxalá, muito em breve eu voltaria o contato com boas novas para o caso do Lucca e que essa mensagem teria um P.S., com o endereço do lugar onde eu estaria comemorando muuuuuuito e em grande estilo, por um final feliz pra todo esse turbilhão. Coincidência do destino ou não, daqui a dois dias (12/2) é meu aniversário. Ainda não vale um porre daqueles (rsrsrsrs.....) mas posso garantir que 3 enormes presentes eu já ganhei:

1. meu filho está vivo!!!!! N-A-D-A P-A-G-A I-S-S-0!!!!!!

2. encontrar as células para o TMO do Lucca funcionou como uma nova injeção de vida pra mim....

3. Hoje posso dizer com propriedade que, no meio dessa doideira toda, teve algo de bom: descobri grandes e verdadeiros amigos!

Coloco meu email (lulileite1972@gmail.com) e meu cel pessoal à inteira disposição de vcs. Ah, e me desculpem por ter ficado fora do ar, sem contato com muitos de vcs, nos ultimos 45 ou 60 dias.... Mas acabei perdendo vários registros de telefone e mensagens antigas quando do meu desligamento da empresa em que estava trabalhando. (Felizmente consegui recuperar uma boa maioria!)... Um grande beijo a todos!

Luciana

P.S. Um adendo importantíssimo: a luta para mobilizar as pessoas a doarem medula e às mães a doarem os cordões umbilicais de seus bebês recém-nascidos não acaba por aqui.Muito pelo contrário! Conto com vcs sempre"


Leu? Então, vá ao seu altar, curve-se e agradeça por todos os problemas que você tem, teve e terá na vida...

Namo Amida Butsu

8 de fevereiro de 2009

Interdependência, finalmente entendendo

Sempre achei que para se compreender algum ensinamento você precisa vive-lo em sua plenitude para realmente formar sua idéia e entender o que o Tathagatha queria dizer.  No ocidente, temos essa mania funesta de querer intelectualizar tudo e de maneira extrema e esquecemos, ou fugimos, da vivência real e de suas consequências.  Acho realmente que intelectualizamos porque queremos fugir da compreensão real dos significados do Dharma, pois é sempre mais fácil construirmos barreiras do que humildemente aceitarmos algo que nos foi ensinado e ainda mais por livros e não por um ser humano presente.

Este fim de semana tive a mais absoluta certeza de que o Tathagatha quis sempre nos ensinar a respeito da interdependência. Cito Kubose-sensei "A vida é como uma imensa rede de malhas. Assim como todas as malhas estão interconectadas , também nós estamos interrelacionados e interdependentes." Hoje eu compreendo do que é feito essa malha em nossas vidas e a responsabilidade que temos para com aqueles que tecem ou nos ajudam a tecer tal malha.

Para que vocês entendam ao que me refiro, precisarei de maneira um pouco longa explicar o contexto e o porquê de eu ter encotrado a prova definitiva da interdependência.  Peço desculpas, mas depois do texto sobre tatuagem, prometo que esse terá muito mais riqueza dhármica, prometo. 

Já há algum tempo venho pensando que o trabalho profissional que tenho não ajuda ninguém, ajuda muitas empresas mas não traz qualquer benefício para seus funcionários ou clientes.  Não que traga algum mal, de jeito nenhum, mas como trabalho com softwares, estes proporcionam certo conforto para aqueles que os usam, mas não necessariamente traz qualquer grande contribuição para a vida das pessoas.  Como penso que temos que deixar nossos autógrafos nas vidas das pessoas, temos que deixar nossos "serviços" a disposição daqueles que necessitam e que possam se beneficiar de alguma forma para reduzirem seus sofrimentos ou retomar sua harmonia na vida.  Diante de tal fato, resolvi me inscrever no programa de Ação Social que foi desenvolvido pela empresa para qual trabalho. 

Durante esse período tive 10 reuniões com minha "mentorada", uma garota de 17 anos, moradora da periferia da cidade de São Paulo, estudante do 3o Ano do colegial. Contudo, durante estas reuniões sempre tive a sensação que não estava conseguindo passar alguma coisa que prestasse para ela, tanto da minha vida profissional, como de minha experiência de vida. Não sei, algo não estava fluindo como queria.

Neste fim-de-semana me encaminhei para o evento de encerramento no qual todos os mentores e mentorados estariam presentes.  Sabia que ía haver mesas redondas, dinâmicas de grupo e testemunhos. Fui pronto para tomar pancada da minha mentorada e pronto para ouvir ela reclamar que este programa tinha sido uma perda de tempo.  Estava pronto para jogar a toalha e desistir de ser um exemplo profissional ou pessoal para alguém.

Então, um círculo é formado e minha querida mentorada se levanta e diz que muitas foram nossas interações e que ela havia aprendido muito comigo e que eu havia dito uma frase para ela no nosso segundo encontro (há mais de 1 ano) que tinha se transformado em uma espécie de mantra para ela. Eu havia dito: "Na vida, sempre temos no mínimo dois caminhos a seguir.  Nunca se esqueça que quem construiu esses caminhos foi você mesma e será você mesma que terá que escolhe-los. E lembre-se que para tomar a decisão de qual seguir sempre tem um caminho que queremos e um que podemos trilhar.".  Poxa eu mal lembrava que havia dito isso à ela, mas foi o que fez a diferença.

Então fico imaginando o quanto impactamos a vida de outrém com tão pequenas coisas, tão pequenas palavras e gestos minúsculos e o quanto isso pode gerar de oportunidades ou mágoas nas pessoas. 

Pude entender então, definitivamente, o que é interdependência... as vezes, somente quando vivenciamos o Budismo é que realmente entendemos, só que nós preferimos ficar intelectualizando, ficar elocubrando e ficar mastrubando nossas mentes com verborréia liturgica para tentar entender alguma coisa....

Por isso tenho Shinran como guia: não importam as dúvidas, não importam os conceitos, porque no fim, todos somos abarcados pela Infinita Compaixão... Namo Amida Butsu  

30 de janeiro de 2009

O Centro Dentro de Nós

Amigos, é muito bom saber que teremos mais um livro de Kubose-sensei disponível em língua portuguesa. O "Centro Dentro de Nós" vem se juntar ao "Budismo Essencial" como obras primas do Budismo "pé-no-chão" e determina como utilizar os conceitos budistas no dia-a-dia, nas situações simples da vida. Kubose-sensei sempre foi um idealista e um mestre de modos simples e sempre procurou integrar várias escolas budistas, principalmente tentando fortemente unir o Zen com o Jodo Shinshu. Abaixo o texto do Prof. Ricardo Sasaki que capitaneou por vários anos o projeto de tradução deste livro:

"É com muita alegria que informo o lançamento de um novo livro de Edições Nalanda. Mais que apenas o acréscimo de um livro em nosso catálogo, este possui um signifcado especial para mim: ter conhecido o autor em pessoa, compartilhado da hospitalidade de sua família, e estreitado laços de amizade que duraram décadas. O "Centro Dentro de Nós", autografado pelo autor, me acompanha desde então, livro de cabeceira, como referência da vida simples e sem artificialidades que todos nós deveríamos almejar ter um dia. Um livro que fala sobre tudo e para todos.
Ricardo Sasaki




"O Centro Dentro de Nós"do Rev. Sensei Gyomay KuboseSensei Gyomay Masao Kubose foi discípulo do Rev.Haya Akegarasu e fundou o Buddhist Temple of Chicago, sendo seu líder espiritual até sua morte, em 29 de março de 2000, com 94 anos de idade. Foi citado muitas vezes por sua obra no âmbito da comunidade buddhista e das relações comunitárias e em 1970, recebeu o World Buddhist Mission Cultural Award. Durante toda sua vida o Rev. Kubose enfatizou e ensinou a todos o Buddha-Dharma não-sectário. Saiba mais sobre o livro e faça seu pedido agora!

15 de janeiro de 2009

Tatuagem

Faz tempo que este tema está na minha cabeça para escrever, mas sempre encontrava algo que entrava na frente. Como estou traduzindo um texto de Shan Tao para postar aqui e está tomando um certo tempo, resolvi então encarar este assunto, já que divide a opinião de vários professores de Dharma e monges conhecidos.

Afinal qual o mal da tatuagem? Não sei!

Um amigo afirma em seu site que não é uma prática boa para o ser humano pois reforça o ego e sendo ele um monge Zen vou tomar sua palavra como a da Escola Soto Zen. Uma vez em conversa com a Lama Tsering ela me disse que o Budismo Tibetano também vê a tatuagem com certo receio, pois segundo ela, tatuar símbolos religiosos seria um desrespeito às deidades, uma vez que elas são representadas por suas imagens e deitaríamos em cima delas ou coçaríamos ou mesmo bateríamos em tais imagens.  Mas tirando isso, ela sempre dizia que o que você vê não impede sua Iluminação.

Andei dando uma busca pela Internet sobre o assunto há alguns anos e vi que em Burma e na Tailândia, a tatuagem é uma prática comum entre os monges theravadin, incluindo tatuagens de sutras inteiros, mandalas e templos. Inclusive vários monges são tatuadores nestes países e somente tatuam outros monges.  Na Tailândia os lutadores de muay thai também são tatuados pelos monges, por acreditarem que receberão uma força sobre-humana advinda das imagens e sutras

É fato que a tatuagem em seus primórdios nas ilhas da polinésia tinham fundo religioso e social e creio que este aspecto se perpetuou até os dias de hoje. Embora vejamos tatuagens muito mal feitas por aí e desenhos bobos, existe ainda um grande contingente que as usam por motivos de fé ou de afirmação social. 

Existe alguns outros, como eu, que usam porque acham muito bonito e veem (já usando a nova ortografia do português!!!) como uma obra de arte.  Mas no meu caso, confesso que fiquei com as palavras de Tsering-la em minha cabeça e nunca consegui tatuar uma deidade ou um símbolo que a representasse, seja um Bodhisatva, um Heruka ou um Buddha, porque compartilho, de certa forma, esta visão de que a imagem reflete a deidade em si.

Se falarmos sobre o reforço do ego existem tantas outras coisas mais fortes que do que uma tattoo.  A maneira de se portar, de se expressar, as atitudes sociais, a fala incorreta, a mentira, a indiferença. Pelo menos a tattoo, na maioria das pessoas é algo íntimo, que fica embaixo da roupa, quase sempre escondida e só é vista por pessoas próximas em um momento de intimidade ou em uma piscina ou praia.  Por outro lado, existem atitudes do cotidiano que são muito mais explícitas que uma tattoo e são descaradas ou mesmo arremeçadas pelas pessoas ao seu próximo.  Desta maneira, creio que uma tattoo até pode reforçar o ego em algumas situações, mas por uma visão terrapuriana, eu diria que dos males o menor!

Então deixem eu manifestar meu ego agora... rs.... eu tenho 3 tattoos e vou fazer mais uma que representarão as 4 propriedades elementares do corpo e da mente (dhatu) segundo o Buddhismo: 1) Garuda sentado em um phurba - elemento Fogo (calor) - meia manga no braço esquerdo; 2) Leão das Neves - elemento Terra (solidez) - meia manga no braço direito; 3) Dragão - elemento Água (liquidez) - metade superior das costas; 4) Tigre  - elemento Ar (energia) - outra metade das costas, só que essa ainda não fiz.

Mas................................. antes de alguém ler isso aqui e sair por aí falando que o Budismo apóia quem faz tatuagem ou algum adolescente resolver se converter ao Budismo por isso, que fique claro: O BUDISMO NÃO APOIA NADA DISSO!!! ELE NÃO SE MANIFESTA A RESPEITO DISSO POIS NÃO HÁ REFERÊNCIA SOBRE ISSO NOS SUTRAS!!!! Então, não me usem como desculpa. OK?

Ah! Tatuagem dói, sim e é para sempre!

Abraços



7 de janeiro de 2009

Desafio: Seja Gentil Por Um Dia

Feliz 2009 a todos! Sei que faz tempo que não escrevo, mas o trabalho nos últimos meses, associado com férias me manteve longe das listas e deste blog.  Espero que todos tenham tido uma passagem de ano tranquila e que as "promessas" (nunca cumpridas e nem lembradas) de Ano Novo tenham sido escritas e pronunciadas. 

2009 será o Ano do Boi! Ano de prosperidade: material e espiritual. Portanto, preparem-se!!!

Do lado material, só posso dizer uma coisa: trabalhem e joguem na Mega-sena - são os dois únicos jeitos de ganhar dinheiro de maneira honesta.

Já no lado espiritual, o desafio é maior ainda, porque no primeiro caso depende-se de sorte ou de competência, e já neste, depende-se de disciplina e transformação interior. Para começar, gostaria de sugerir um exercício para meus leitores.... Seja gentil com absolutamente TODOS por um único dia - e reflita sobre isso.

Digo isso pois tive uma experiência deste tipo e vi que com uma pequena atitude, podemos melhorar a vida das pessoas que nos rodeiam, conhecidas ou não, por um pequeno instante e ainda influenciar o resto de nosso dia, com uma bela descarga de endorfina.  Ok, ok... a primeira vista, trata-se de algo egocêntrico - vou fazer o bem para me sentir bem - mas e daí? Pelo menos estamos treinando para fazer o bem de maneira descompromissada, melhor do que não fazer nada, como nos é de costume.

Como fazer? Muito simples.... comece seu dia com "bom dias": para quem mora com você, para o faxineiro do prédio, para o guardador de carros (por mais que odiemos o tipo), para as recepcionistas do trabalho, para os desconhecidos no elevador.  Você vai ficar pasmo com a reação das pessoas, muitas delas não sabem receber um agrado verbal.

Depois, faça um elogio as pessoas do trabalho: "poxa, mudou o cabelo?", "que roupa bonita", "cara, que gravata legal! De que loja é?", "nossa, você está sorridente!", ou ainda, "Por que você está triste?", "Posso lhe ajudar a carregar essas caixas?". Seja gentil, com cada pessoa que cruze seu caminho, com cada pessoa que passar por você. Senão com palavras, com sorrisos ou com gestos amigáveis.

Se estiver numa situação tensa de uma reunião de trabalho, ou com um paciente mais complicado ou ainda resolvendo uma questão que envolve uma outra parte mais agressiva, conte até 1000 e continue sendo agradável... você verá que seu interlocutor vai ficar sem ação.

Por outro lado, você irá experimentar a reciprocidade em alguns casos, a falsidade em outros e a total ignorância em mais tantos, mas aqueles que lhe derem reciprocidade, lhe fornecerá combustível e bom humor para lidar com os outros.

Depois de fazer isso por um único dia, deite na sua cama antes de dormir e medite ou reflita sobre cada reação de cada pessoa e depois sobre como tais reações atingiram você e quais foram as sensações que lhe proporcionaram.

No fim você entenderá sobre um pouco mais sobre egoísmo e como as pessoas refletem em desconhecidos ou mesmo pessoas próximas suas frustrações ou seus personagens interiores. Com o tempo você irá perceber que mesmo em situações difíceis e em debates acalorados, a educação, a ética e a gentileza pode imperar sem comprometer opiniões ou objetivos. Apenas iremos entender que nos é mais gratificante emocional e fisicamente sermos gentis, mesmo que tenhamos um objetivo mais egóico por detrás.  Mas, como disse, e daí? Fazemos tantas coisas egóicas durante nosso dia sem beneficiar ninguém, pelo menos com esse exercício que proponho, muitas pessoas irão, ao menos, receber um sorriso acalorado em um dia nublado.

Gostaria de saber os resultados de quem executar esse exercício em privado ou nos comentários deste blog.

Namo Amida Butsu