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Por isso esse blog possui esse nome... Jigoku No Sora,
o Teto do Inferno

"Esse eu insensato, que tem tão pouca chance de salvação, é totalmente incapaz de resistir a desejos intensos e comprometimentos, a essa sucessão de dias e noites, inegavelmente reais, passada sob o constante tormento das ilusões monstruosas; isso é o inferno." - Hiroyuki Itsuki

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8 de fevereiro de 2009

Interdependência, finalmente entendendo

Sempre achei que para se compreender algum ensinamento você precisa vive-lo em sua plenitude para realmente formar sua idéia e entender o que o Tathagatha queria dizer.  No ocidente, temos essa mania funesta de querer intelectualizar tudo e de maneira extrema e esquecemos, ou fugimos, da vivência real e de suas consequências.  Acho realmente que intelectualizamos porque queremos fugir da compreensão real dos significados do Dharma, pois é sempre mais fácil construirmos barreiras do que humildemente aceitarmos algo que nos foi ensinado e ainda mais por livros e não por um ser humano presente.

Este fim de semana tive a mais absoluta certeza de que o Tathagatha quis sempre nos ensinar a respeito da interdependência. Cito Kubose-sensei "A vida é como uma imensa rede de malhas. Assim como todas as malhas estão interconectadas , também nós estamos interrelacionados e interdependentes." Hoje eu compreendo do que é feito essa malha em nossas vidas e a responsabilidade que temos para com aqueles que tecem ou nos ajudam a tecer tal malha.

Para que vocês entendam ao que me refiro, precisarei de maneira um pouco longa explicar o contexto e o porquê de eu ter encotrado a prova definitiva da interdependência.  Peço desculpas, mas depois do texto sobre tatuagem, prometo que esse terá muito mais riqueza dhármica, prometo. 

Já há algum tempo venho pensando que o trabalho profissional que tenho não ajuda ninguém, ajuda muitas empresas mas não traz qualquer benefício para seus funcionários ou clientes.  Não que traga algum mal, de jeito nenhum, mas como trabalho com softwares, estes proporcionam certo conforto para aqueles que os usam, mas não necessariamente traz qualquer grande contribuição para a vida das pessoas.  Como penso que temos que deixar nossos autógrafos nas vidas das pessoas, temos que deixar nossos "serviços" a disposição daqueles que necessitam e que possam se beneficiar de alguma forma para reduzirem seus sofrimentos ou retomar sua harmonia na vida.  Diante de tal fato, resolvi me inscrever no programa de Ação Social que foi desenvolvido pela empresa para qual trabalho. 

Durante esse período tive 10 reuniões com minha "mentorada", uma garota de 17 anos, moradora da periferia da cidade de São Paulo, estudante do 3o Ano do colegial. Contudo, durante estas reuniões sempre tive a sensação que não estava conseguindo passar alguma coisa que prestasse para ela, tanto da minha vida profissional, como de minha experiência de vida. Não sei, algo não estava fluindo como queria.

Neste fim-de-semana me encaminhei para o evento de encerramento no qual todos os mentores e mentorados estariam presentes.  Sabia que ía haver mesas redondas, dinâmicas de grupo e testemunhos. Fui pronto para tomar pancada da minha mentorada e pronto para ouvir ela reclamar que este programa tinha sido uma perda de tempo.  Estava pronto para jogar a toalha e desistir de ser um exemplo profissional ou pessoal para alguém.

Então, um círculo é formado e minha querida mentorada se levanta e diz que muitas foram nossas interações e que ela havia aprendido muito comigo e que eu havia dito uma frase para ela no nosso segundo encontro (há mais de 1 ano) que tinha se transformado em uma espécie de mantra para ela. Eu havia dito: "Na vida, sempre temos no mínimo dois caminhos a seguir.  Nunca se esqueça que quem construiu esses caminhos foi você mesma e será você mesma que terá que escolhe-los. E lembre-se que para tomar a decisão de qual seguir sempre tem um caminho que queremos e um que podemos trilhar.".  Poxa eu mal lembrava que havia dito isso à ela, mas foi o que fez a diferença.

Então fico imaginando o quanto impactamos a vida de outrém com tão pequenas coisas, tão pequenas palavras e gestos minúsculos e o quanto isso pode gerar de oportunidades ou mágoas nas pessoas. 

Pude entender então, definitivamente, o que é interdependência... as vezes, somente quando vivenciamos o Budismo é que realmente entendemos, só que nós preferimos ficar intelectualizando, ficar elocubrando e ficar mastrubando nossas mentes com verborréia liturgica para tentar entender alguma coisa....

Por isso tenho Shinran como guia: não importam as dúvidas, não importam os conceitos, porque no fim, todos somos abarcados pela Infinita Compaixão... Namo Amida Butsu  

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